Inclusão de um aluno surdo no ensino superior foi tema de Relato de Experiência no curso de Fisioterapia do CESMAC

O trabalho feito por Nilton César dos Santos Júnior mostrou as facilidades e dificuldades desse processo e teve a orientação da Profa. Clarissa Cotrim

02/12/2019 às 13h57

Nilton César dos Santos Júnior é acadêmico do terceiro período do curso de Fisioterapia do Centro Universitário CESMAC e integra a realidade da inclusão de alunos surdos na Instituição. A ideia do trabalho veio justamente da experiência no convívio da graduação na faculdade.
A pesquisa teve a orientação da Profa. Clarissa Cotrim dos Anjos e a atuação do Intérprete de Libras Radjalma Rodrigo de Lima Ferreira. O ingresso de alunos surdos no ensino superior está sendo cada vez mais crescente em diversas áreas, assim como na Fisioterapia. Esse acesso provoca a necessidade adequações para a inclusão, e foi justamente para contribuir com esse processo que a equipe tomou a iniciativa de relatar a experiência de um aluno de Fisioterapia surdo, em relação a percepção sobre as facilidades e dificuldades para a inclusão na educação superior.

A metodologia do trabalho considerou o histórico do graduando, que hoje tem 25 anos, mas adquiriu a deficiência auditiva aos 9 anos, em decorrência de estimulo sonoro inadequado, com processo educacional sem intérprete, fazendo uso de leitura labial. Para possibilitar a análise realizou-se uma roda de conversa entre aluno, intérprete e docente, que o acompanhou por dois períodos.
Para o Intérprete de Libras Radjalma Ferreira, “a experiência interpretando para o Nilton tem sido excelente. Além de ser uma pessoa com qualidades que facilitam muito o trabalho e o convívio diário, é também alguém esforçado e que tem superado o obstáculo do idioma, vencendo desafios. Felizmente temos construído um vínculo que durará para além do curso”, declara.
Segundo a Profa. Clarissa Cotrim, “a experiência de ministrar aula para Nilton, primeiro aluno surdo do curso de Fisioterapia, foi um verdadeiro desafio, pois não tinha aproximação com a língua de sinais (Libras), mas tinha sensibilidade para compreender e me aproximar desse novo mundo. O meu acompanhamento com o Nilton, iniciou-se no primeiro período como docente na disciplina de História da Fisioterapia e foi retomado no terceiro período com a disciplina de Psicomotricidade. Ao longo do acompanhamento nas aulas e rotina acadêmica, percebi que algumas metodologias o ajudavam na melhor assimilação do conteúdo. Entretanto, o que mais percebi como dificuldade era comunicação, assim como os demais professores e colegas de sala. A partir dessa observação, passei a adaptar as metodologias ativas para essa nova realidade, surgindo a partir daí a necessidade de exposição dessas experiências exitosas como forma de sensibilização docente e discente”, explica.
A apresentação do Relato de Experiência aconteceu no II Simpósio do Curso de Fisioterapia, quando os avaliadores sugeriram a elaboração de um dicionário em Libras –Português contendo os termos utilizados na Fisioterapia como forma de incentivo e facilitação para os próximos alunos surdos que ingressarem no curso.

Os resultados apontam que as principais dificuldades encontradas estão na comunicação com os colegas e professores por não saberem Libras, e os conteúdos explanados são voltados, na sua maioria, para o ouvinte. Também foi constatada a necessidade de criar sinais para facilitar a comunicação e explicação em especial para assuntos específicos da Fisioterapia.
Como facilidades, destacam-se: apoio institucional por meio da disponibilização do Intérprete de Libras; afinidade com esse profissional; apoio e acolhimento da coordenação do curso, professores e alunos; e adaptação de atividades por meio de metodologias ativas de ensino.
Como sugestão de estratégias para melhorar a inclusão, o relato aponta a possibilidade de mostrar a peça em tela nas aulas práticas, evitar vídeos sem legendas, utilização da prova oral com interpretação em Libras e ainda a utilização de vocabulário mais adequado para os surdos e especialmente promover o ensino de Libras para os colegas e professores, o que já vem sendo reforçado com o Curso Extensionista em Libras do CESMAC.

Sobre toda essa experiência Nilton afirma: “aqui no CESMAC é tudo de bom, a melhor do mundo. Gosto de compartilhar com as pessoas, os alunos e professores, o que serve de estímulo para que aprendam Libras. A coordenadora do curso, Profa. Renata Sampaio, é ótima e sempre muito atenciosa. Sem falar na querida professora Clarissa, minha orientadora, que me faz bem, sabe se comunicar comigo e já entende de minha história”, relata.