Poesia de Jorge de Lima lota cinemateca do Cesmac

Palestra e sarau atraíram mais de 130 estudantes de diversos cursos, como Biologia e Ciências Contábeis

05/05/2018 às 10h32

A literatura do alagoano Jorge de Lima (1893 – 1953) atraiu professores e estudantes dos cursos de Ciências Contábeis, Biologia, Pedagogia e Jornalismo do Centro Universitário Cesmac. Na noite da sexta-feira, 04, eles lotaram os 130 lugares da Cinemateca Elinaldo Barros, instalada no Campus IV, antigo auditório do Colégio Guido de Fontgalland.
Muitos não se importaram de ficar em pé ou sentar no chão para ouvir a palestra do pesquisador Leandro Garcia, da Universidade Federal de Minas Gerais, e o sarau de poesias de Jorge de Lima, interpretadas pelo ator Chico de Assis e musicadas pelo percussionista Wilson Santos. A conferência é fruto da parceria entre o governo do Estado e o Cesmac e foi organizada pela Coordenação de Extensão e Ação Comunitária.
De maneira clara e didática, o professor Leandro Garcia abordou a importância histórica, literária e estilística da correspondência entre os escritores Alceu Amoroso e Jorge de Lima, pontuado o contexto social, religioso e artístico do Brasil da primeira metade do século 20.
“Naquela época, a correspondência não era simples troca de informação. Se constituía, principalmente, num laboratório de ideias e estilística. As cartas serviam para produzir pensamento. Não à toa, num determinado momento eles moravam em bairros próximos do Rio de Janeiro, mas continuavam se correspondendo através de cartas”, pontua Garcia.
Há 15 anos estudando a obra epistolar de Alceu Amoroso, o pesquisador ressaltou a importância literária da correspondência entre eles. “Na pesquisa descobrir poemas inéditos de Jorge de Lima e identificamos os principais assuntos que interessavam a ambos, como a fé católica, movimentos artísticos e a política”.
Garcia ainda trouxe aspectos poucos conhecidos da vida de Jorge de Lima, como suas pinturas e o engajamento político. Segundo ele, o governo do Rio de Janeiro, então capital do Brasil, decretou feriado no dia da morte de Jorge de Lima, tamanha sua expressão política e literária.
O resultado da extensa pesquisa epistolar será transformado em livro, com lançamento previsto para o próximo ano pela Imprensa Oficial Graciliano Ramos, do governo do Estado.
Interdisciplinaridade e emoção
O vice-reitor do Centro Universitário Cesmac, Prof. Dr. Douglas Apratto, comemorou a participação dos estudantes de várias ciências pela literatura, ressaltando a importância da produção interdisciplinar do conhecimento, tendo como base as Ciências Humanas. “Esse auditório é histórico, pois foi aqui que o Cesmac nasceu e continua firme na sua missão de formar profissionais especialistas nas suas áreas, mas com vivência humanista”.
O estudante do terceiro período de Biologia, Fernando Henrique, concorda com o vice-reitor. Ele disse que é preciso entender os diversos aspectos da vida humana, inclusive a artística, para exercer a profissão com eficiência. “Palestras como essa são uma excelente oportunidade de expandir os conhecimentos e aprender”.
Jéssica Andrade, do curso de Ciências Contábeis, ficou tão entusiasmada em saber mais sobre o escritor alagoano Jorge de Lima que fez questão de fazer uma self com o palestrante e garantiu que irá ler “Invenção de Orfeu”, poema épico lançado em 1952, um ano antes da morte de Jorge de Lima aos 60 anos.
A emoção marcou o encerramento do evento com o sarau de Chico de Assis e Wilson Santos. Em interpretações de poemas como “O Acendedor de Lampiões”, “Boneca de Pano”, “Meninice” e “Serra da Barriga”, a plateia participou com palmas ritmadas e cantou em vários momentos.
“Uma noite linda, emocionante e, acima de tudo, reveladora. Esse é o papel da literatura, esse é o papel da educação”, afirmou Amanda Costa, aluna do curso de Pedagogia do Cesmac.