Vice-Reitor do Cesmac fala sobre a presença Holandesa em Alagoas

A História da Guerra do Açúcar vista por Alagoas

22/06/2017 às 08h24

Ontem, 21/06, o Vice-Reitor do Centro Universitário Cesmac, Dr. Douglas Apratto Tenório, esteve no Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas (IHGAL), que é uma sociedade civil que tem por finalidade o desenvolvimento de estudos e pesquisas nos campos da História, da Geografia e das Ciências Sociais, palestrando sobre a presença dos holandeses em Alagoas. O presidente do IHGAl, Jayme Lustosa de Altavila deu as boas-vindas aos presentes e convidou o Professor Douglas Apratto Tenório para explanar sobre o assunto.
O livro A Presença Holandesa – A História da Guerra do Açúcar Vista por Alagoas, do historiador Douglas Apratto Tenório e da museóloga Cármen Lúcia Dantas, trás um olhar aguçado sobre o período em que os holandeses aqui estiveram, quando Alagoas ainda era território da Capitania de Pernambuco e foi palco de batalhas importantes. Tendo o livro como referência, o Vice-Reitor fez uma releitura dos episódios da chamada “Guerra do Açúcar”, levando em consideração o olhar alagoano.
Foram 24 anos de dominação holandesa. Esta passagem da História do Brasil insere Alagoas numa guerra mundial entre a Holanda e Portugal, que era dominado pela Espanha. Mas a participação de Alagoas ficou obscurecida pela imponência da capitania, que era Pernambuco. Aqui, aconteceram momentos expressivos desta guerra, que ficou conhecida como a guerra do açúcar na história internacional. O açúcar era um produto muito valioso, equivalente hoje ao petróleo. E o capitalismo estava em seu início, já bem forte na Holanda, deixando para trás o feudalismo e o mercantilismo, que Portugal ainda mantinha.
"Alagoas tinha engenho, tinha gado, tinha alimentos. Era a terra fértil da capitania de Pernambuco. E como a Holanda não era produtora, era comerciante, se interessava muito pelo mercado das especiarias. Havia a Companhia das Índias Ocidentais, que financiava os engenhos e, em contrapartida, comprava toda a produção. Era um monopólio. E como na Holanda não havia reinado, era a Companhia, tinha sócios, era preciso produzir relatórios. Os investidores queriam saber detalhes de onde o dinheiro estava sendo aplicado. Maurício de Nassau veio com uma corte de renascentistas. O renascimento era um avanço em relação ao mercantilismo e ao feudalismo da época. Com os holandeses vieram cientistas, botânicos, astrônomos, matemáticos, cartógrafos, físicos e artistas. O território alagoano foi retratado graças a isso".
Calabar é o mito nativo, considerado pelos portugueses como traidor.Esse fato é para ser pensado e questionado. É o mito nativo em contraposição ao mito europeu. Enquanto a história realça a figura de Nassau como um príncipe avançado, demoniza o mito nativo, que por acaso é alagoano. Ele foi uma pessoa que mudou o curso da guerra, tinha uma visão estratégica forte, tinha coragem e conhecimento da região. Contrapomos os dois mitos símbolos desta guerra, declarou Douglas Apratto Tenório.