NAFRI/DH Cesmac realiza V Workshop Interdisciplinar Afro e Indígena na semana de Emancipação Política de Alagoas

WAMAI debateu o tema “Poder, Democracia e Direitos Humanos”

23/09/2021 às 13h57

O Núcleo Acadêmico Afro e Indígena e Direitos Humanos (NAFRI/DH) do Cesmac, realizou a quinta edição do Workshop Acadêmico Multidisciplinar Afro e Indígena (WAMAI), na segunda quinzena deste mês. O tema do evento tratou sobre “Poder, Democracia e Direitos Humanos”, contando com a participação de discentes, docentes e equipes gestoras do Cesmac Maceió, Arapiraca e Palmeira, além de lideranças indígenas e afros, movimentos sociais e militantes de direitos humanos.

A mesa de abertura homenageou os povos originários indígenas e afros pelo aniversário dos 204 anos de Alagoas. O momento contou com a presença do Prof. Dr. Douglas Apratto - Vice-Reitor e Pró-Reitor Acadêmico da IES, Prof. Dr. Rodrigo Guimarães - Coordenador Geral de Extensão Universitária, além do Prof. Dr. Jorge Vieira - Coordenador do NAFRI-DH.

A mesa destacou a alegria de ter o professor Douglas na abertura, celebrando também a vida; a histórica de resistência de Alagoas, simbolizada pelo quilombo dos palmares – palco de lutas do povo negro e, da cultura e lutas dos povos indígenas, simbolizadas pelas 12 etnias existentes, entre outras preciosidades. O Maestro Luiz Martins, regente do Coral Cesmac, integrante da Extensão Universitária, fez uma apresentação com canto, em homenageou para Alagoas.
A programação contou com mesa de debate com a presença da Prof. Dra. Cibele Lima Rodrigues - Fundação Joaquim Nabuco (FUNDAJ) e Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), que discutiu o tema “Poder, Democracia e Autoritarismo”. A mesa teve como debatedor o Prof. Dr. Jorge Vieira, com mediação da Prof. Mestra Fernanda Ferreira (NAFRI-DH). A expositora destacou: “os conceitos sociológicos de poder, democracia e autoritarismo, bem como dos momentos históricos na sociedade brasileira em que o poder das classes dominantes e o autoritarismo impediram a efetivação dos processos democráticos. A atual conjuntura brasileira tem um cenário de ameaça à democracia, superexploração da classe trabalhadora, subjulgamento do poder e violação dos direitos humanos, especialmente das populações afros e indígenas”, destacou a palestrante.

Mediando o debate, professor Jorge lembrou como os conceitos de democracia e poder são disputados ideologicamente em favor dos interesses dos grupos dominantes. “Os povos indígenas e afros têm construído, historicamente, lutas e resistências pela garantia dos direitos e, sobretudo, desenvolvido mecanismos de exercício democrático do poder”, disse o docente pesquisador.
Outra mesa tratou sobre o tema “Comunidades tradicionais brasileiras e direitos humanos: o desmanche institucional como fundamento político do apagamento histórico”. Os participantes foram: Prof. Dr. Manoel Moraes - Universidade Católica De Pernambuco (Unicap), e o Prof. Dr. Sandro Calheiros - Cesmac. Como debatedores/as, a mesa contou com a participação da liderança indígena da etnia Xucuru- Kariri, Gecinaldo, e da liderança quilombola Helena (comunidade Serra das Viúvas no Sertão). A mediação da mesa foi realizada pela Profa. Dra. Cristiane Monteiro (NAFRI-DH).

Gecinaldo destacou: “importante lembrar dos elementos da realidade atual dos povos, marcada pela invasão dos territórios, violência, retrocesso da efetivação dos direitos. Lembrou os processos de resistências dos povos indígenas, inclusive as batalhas que têm ocorrido no Congresso e Senado para garantir as conquistas e barrar os projetos de Lei que visam eliminar direitos, a exemplo do ‘marco temporal’”. A liderança quilombola, Helena, lembrou: “a identidade quilombola é uma conquista, que Alagoas tem o maior símbolo da luta do povo negro pela liberdade “Quilombo dos Palmares”. As práticas escravocratas ainda permanecem, configuradas nas desigualdades sociais e econômicas e na cultura do racismo. Minha história pessoal como quilombola, militante é marcada pela busca da educação, grande ferramenta de resistência. Hoje tenho orgulho de ser uma doutoranda, porque compreendo a importância do conhecimento para superar os desafios e fortalecer as lutas”, contou.
Já o Prof. Manoel Moraes destacou que as raízes do autoritarismo e das tentativas do apagamento histórico das comunidades tradicionais foram expressas nas falas das lideranças. “O Brasil é um “projeto de civilização em disputa” e que a conjuntura de barbárie que estamos vivenciando – violência, crimes ambientais, fome, desemprego, desmonte de direitos e genocídio dos povos indígenas e afros – significa a imposição da lógica dominante ‘impor a cultura do patriarcado e branco”, reforçou.
De acordo com o Prof. Sandro Calheiros elencou a trajetória junto aos povos indígenas e a dimensão de solidariedade humana que aprendeu com as comunidades. “A sabedoria de aprender não somente com as lutas, resistências, pesquisas, formação, mas também, com as estratégias de silêncio do povo. O NAFRI/DH tem sido este espaço de pesquisa, extensão e formação, e sobretudo, de militância. É um lugar que reúne docentes e discentes para partilhar saberes e prática na vivência com as comunidades quilombolas, indígenas, terreiros, movimentos sociais e outros grupos que comungam de ideais libertários”, concluiu.