Qualificação em Câncer de Boca segue programação sobre diagnóstico diferencial da Doença e manejo odontológico dos pacientes oncológicos

Mais de 85% dos casos de câncer de boca, em Alagoas, são diagnosticados em estágios tardios da doença

18/06/2019 às 11h51

A "Qualificação em Câncer de Boca - diagnóstico diferencial da doença e manejo odontológico dos pacientes oncológicos" foi direcionada para cirurgiões-dentistas da rede pública de Alagoas. O número de casos da doença em Alagoas é crescente e preocupante, motivo que vem motivando o processo de qualificação constante dos profissionais.
Mais de 85% dos casos de câncer de boca, no Estado, são diagnosticados em estágios tardios da doença. A situação acontece, muitas vezes, pela falta de informação dos pacientes, pois quando o problema é identificado passam até oito meses para iniciar o tratamento. 
O 3º Módulo da qualificação aconteceu ontem, 17, no auditório João Sampaio, Campus I do Centro Universitário CESMAC, que ficou lotado. Além de profissionais da área, o encontro também teve a participação do Coordenador Geral de Pesquisa e Pós-Graduação, Prof. Dr. Giulliano Anderlini.
A coordenadora do Mestrado Profissional de Pesquisa em Saúde do CESMAC, Profa. Dra. Sonia Ferreira, e ainda pesquisadora do Programa Pesquisa para o SUS - PPSUS, afirmou estar satisfeita com adesão dos profissionais e órgãos de saúde, pela necessidade da situação no Estado. “É muito bom ver as pessoas em busca de mais conhecimento e a qualificação tem feito esse processo de forma crescente. Trabalhamos uma parte básica, depois avançamos em termos de conhecimentos gerais sobre a doença e a terceira edição veio para afunilar um pouco mais. A situação é muito preocupante, pois metade das pessoas diagnosticadas com câncer de boca morre em menos de dois anos após o diagnóstico em Alagoas”, detalhou.
Outra questão preocupante é a demora no diagnóstico, que segundo a docente, envolve fatores como: dificuldade do paciente em procurar atendimento, acesso para seguir o tratamento e o próprio Sistema Único de Saúde (SUS).

O CESMAC trabalha com linha de pesquisa em câncer de boca, que vem se desenvolvendo por meio de financiamentos, levando cartilha ilustrativa para quase todos os municípios do estado de Alagoas. Esse processo envolve professores e alunos, inclusive que já são egressos, como é o caso de Matheus Lima, que se formou em Odontologia na Instituição.
Matheus, que faz parte da programação desse módulo afirmou: “o câncer é um grande problema de saúde pública e cada vez mais temos que estar preparados para atender a esse perfil de paciente. Por isso, minha participação vem no sentido de tentar desmistificar um pouco o atendimento odontológico para esse paciente. É preciso toda atenção pois o câncer de boca atinge uma das principais áreas e, em muitos casos, se perde a capacidade de comunicar, comer, entre outras complicações, que também envolvem fatores estéticos e emocionais”, explicou.

O profissional disse ainda, que “a doença vem crescendo, não apenas na boca, mas também na região de cabeça e pescoço, inclusive na população jovem. Um dos principais fatores etiológicos é o cigarro, junto a isso ainda existe uma associação que potencializa o processo quando o paciente consome tabaco e bebida alcoólica, entre a quinta e sexta década de vida. Mas, estudos comprovam, que pacientes mais jovens, entre 20 e 30 anos, têm apresentado uma associação de câncer de orofaringe com HPV. Diante dessa realidade, existem outros fatores desencadeantes da doença”, alertou.
 
Trajetória do Egresso
Em 2013, quando estava no último ano do curso de Odontologia do CESMAC, Matheus Lima teve a oportunidade de passar um Mês no AC Camargo Cancer Center, hospital de referência no tratamento de câncer, em São Paulo, como estagiário. Entre 2014 e 2016, o egresso entrou na Residência em Estomatologia e Atendimento Odontológico ao Paciente Oncológico. Logo em seguida, fez Mestrado, defendendo recentemente a dissertação com louvor, pela Fundação Antônio Prudente do AC Camargo Cancer Center. Atualmente é titular da Estomatologia, sendo um dos responsáveis do serviço de atendimento e ainda um dos chefes das enfermarias nessa área também no mesmo hospital.
Segundo a Profa. Fernanda Peixoto, “o CESMAC é referência em câncer de boca desde 2004 e hoje estamos colhendo os frutos de um trabalho que já tem uma equipe muito consolidada no assunto. É um orgulho ter dois egressos palestrantes nessa qualificação, que passaram pela extensão e pela iniciação científica e hoje só trazem orgulho para a Instituição”.
De acordo com a Profa. Vanessa Batista, que também é egressa da Instituição e hoje atua como docente da graduação, “a iniciativa é importante e necessária, pois os casos de câncer vêm chegando em estágios muito avançados e os profissionais precisam estar capacitados para o diagnóstico precoce e preparados para atender da melhor forma esse paciente”.
 
Continuidade
O 3º Módulo da “Qualificação em Câncer de Boca - diagnóstico diferencial da doença e manejo odontológico dos pacientes oncológicos” também está acontecendo na manhã de hoje, 18, no auditório do Colégio Bom Conselho, município de Arapiraca.
A programação também conta com palestras das professoras Sonia Ferreira, Vanessa Batista e do egresso do curso de Odontologia, Matheus Lima, além da professora Andréa Tatiane Oliveira, docente do curso de Medicina, todos do CESMAC.
A capacitação faz parte do Programa Pesquisa Para o SUS - PPSUS, do Ministério da Saúde. Além da Secretaria de Estado da Saúde – Sesau, e do CESMAC, o evento ainda tem como parceiros a Secretaria Municipal de Saúde -SMS, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico -CNPq, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas - Fapeal, e o Mestrado Profissional Pesquisa em Saúde do CESMAC.