No mês de agosto/23 foram registrados 11 eventos sísmicos no Estado de Alagoas, de acordo com o Laboratório Sismológico (LabSis) da UFRN. Estes fenômenos ganharam evidência após o tremor ser sentido pelos moradores do município de Arapiraca no dia 25/08/23, registrado às 16h34, com magnitude preliminar calculada em 2,1 mR.

Em 29/08/23, uma inspeção foi realizada pela Defesa Civil Estadual, Defesa Civil de Maceió e pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB-CPRM), no local do epicentro do abalo sísmico, com o objetivo de identificar o que causou o fenômeno e as possíveis consequências nas construções.

A Figura 1 apresenta um resumo dos eventos sísmicos que ocorreram no Estado de Alagoas no mês de agosto e no início do mês de setembro de 2023.

A Figura 2 destaca, no mapa de Alagoas, os municípios que tiveram eventos sísmicos no período citado anteriormente.

Por fim, a Figura 3 apresenta os eventos sísmicos que ocorreram no Nordeste no mês de agosto, elaborado pelo LabSis/UFRN.

Para o melhor entendimento deste tema, é importante compreender o que é um terremoto e como é a atividade sísmica no Brasil. Tem-se que o terremoto é um evento natural causado pelo movimento das placas tectônicas quando há um deslizamento repentino entre as superfícies de falha. Este movimento
pode causar vários danos aos edifícios e às pessoas.

O Brasil está localizado no meio (intraplaca) da Placa Sul-Americana, sendo uma região mais estável que países andinos, como o Chile, Peru, Equador e Colômbia, que estão na borda da Placa. No Brasil ocorre, em média, um sismo de magnitude 5,0 graus a cada cinco anos, enquanto na região andina,
sismos desta magnitude ocorrem, em média, duas vezes por semana. No entanto, no Brasil, é recorrente a ocorrência de sismos pequenos a moderados. Nas regiões intraplacas a probabilidade de ocorrência de sismos é muito menor, devido à natureza estável dos solos que provoca a propagação mais eficiente das ondas sísmicas, o que caracteriza estas regiões como áreas com grande potencial para sismos catastróficos, pois além das características
geológicas já citadas, há a ausência de cuidados antissísmicos nas edificações e de treinamento da população para reagir à situação.

Para isso, é importante mencionar a existência da NBR 15421 (ABNT, 2006), a primeira norma de dimensionamento de edificações resistentes a sismos do Brasil. Esta, surgiu a partir da necessidade de adequar as normas brasileiras aos códigos internacionais e devido a verificação de maiores atividades
sísmicas registradas no Brasil nas últimas décadas.

A NBR 15421 (ABNT, 2006) divide o Brasil em cinco zonas sísmicas, em função da variação da aceleração sísmica horizontal característica (), conforme apresentado na Figura 4. A partir desta figura, é possível observar que a maior parte do território brasileiro se encontra na zona sísmica 0 (zero). Grandes centros urbanos, assim como o Estado de Alagoas estão localizados nesta área. Vale ressaltar que os valores definidos como característicos nominais para as ações sísmicas são aqueles que têm 10% de probabilidade de serem ultrapassados no sentido desfavorável, durante um período de 50 anos.

O maior tremor registrado no Nordeste brasileiro teve epicentro no município de Pacajús-CE, cerca de 70km de Fortaleza, capital do estado do Ceará. No estado do Rio Grande do Norte, mais precisamente na Cidade de João Câmara, ocorreu uma grande e duradoura sequência de abalos sísmicos fazendo a terra tremer intermitentemente por cerca de sete anos. Além dos dois maiores sismos com magnitudes de 5,1 e 5,0 graus na escala Richter, ocorreram outros vinte com magnitude igual ou superior a 4,0 graus (MIRANDA, 2018).

Em relação ao Estado de Alagoas, os dados levantados em relação a atividade sísmica do último mês, mostram que os eventos são de baixa magnitude. Como há um sismógrafo do LabSis/UFRN no município de Anadia/AL, torna-se interessante realizar um levantamento histórico dos epicentros dos sismos no Estado de Alagoas afim de realizar pesquisas acerca dos efeitos causados nas construções existentes.